A musculação é amplamente reconhecida pelos seus benefícios físicos, como aumento da massa muscular e redução da gordura corporal. No entanto, estudos recentes apontam que essa prática também desempenha um papel fundamental na preservação da saúde cerebral dos idosos, podendo retardar o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisou os efeitos da musculação em 44 idosos com comprometimento cognitivo leve, uma condição intermediária entre o envelhecimento normal e a doença de Alzheimer. Os resultados, publicados na revista GeroScience, demonstraram que a prática regular do treino de força pode melhorar a memória, promover alterações positivas na anatomia cerebral e proteger contra a atrofia de regiões importantes do cérebro, como o hipocampo e o pré-cúneo.
Os mecanismos por trás desse efeito neuroprotetor incluem o aumento do fluxo sanguíneo cerebral, que melhora a oxigenação dos neurônios, e a estimulação da produção de fatores neurotróficos, como o BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), essencial para a plasticidade neuronal. Além disso, a musculação contribui para a redução da inflamação sistêmica, fator relacionado à neurodegeneração, e melhora a autonomia dos idosos, reduzindo o risco de quedas.
A prevenção contra o Alzheimer e outras formas de demência por meio da musculação representa uma estratégia de saúde acessível e não farmacológica. Contudo, é importante ressaltar que, em pacientes que já desenvolveram a doença, a atividade física pode auxiliar na mobilidade e qualidade de vida, mas ainda não há evidências de que consiga reverter sua progressão.
Para garantir a segurança na prática da musculação, é essencial que os idosos realizem uma avaliação médica prévia, especialmente aqueles com doenças cardiovasculares graves, osteoporose severa ou condições neurológicas instáveis. O acompanhamento por um profissional de educação física também é recomendado para garantir uma progressão adequada da carga e a execução correta dos exercícios.
Diante dos avanços da ciência, a musculação se destaca como uma ferramenta importante não apenas para a saúde física, mas também para a preservação das funções cognitivas, reforçando a necessidade de sua inclusão na rotina dos idosos.
Fonte: GeroScience, Itatiaia Saúde.