O impacto do uso excessivo de telas na saúde

O uso excessivo de telas tem sido associado a impactos negativos na saúde mental, incluindo estresse, depressão e ansiedade. A nomofobia, medo de ficar sem celular, não é considerada uma doença, mas um conjunto de sintomas que indicam uma relação não saudável com a tecnologia. Estudos apontam que essa dependência tem atingido também os idosos, contrariando a ideia de que teriam aversão à tecnologia.

Pesquisas reunidas pela terapeuta ocupacional Renata Maria Santos, da UFMG, revelam que idosos estão desenvolvendo ansiedade intensa ao ficarem desconectados. O isolamento social, sentimento de exclusão e transtornos de humor aumentam a vulnerabilidade à dependência digital. Além disso, dificuldades cognitivas e falta de letramento digital podem torná-los alvos fáceis para golpes e vício em jogos.

O mecanismo de recompensa do cérebro, que gera prazer ao receber notificações e interações nas redes sociais, favorece o comportamento compulsivo. A neuropsicóloga Cecília Galetti observa que esse fenômeno leva alguns idosos a buscar validação social e a adotar comportamentos impulsivos, como compras desnecessárias e imersão excessiva nas redes. Em alguns casos, ocorre até um estado de confusão mental chamado hebefrenia.

Estudos da UFMG e da empresa Nielsen demonstram que idosos passam longas horas em telas, muitas vezes superando os jovens. No Instituto de Psiquiatria da UFRJ, a psicóloga Anna Lucia Spear King destaca que a nomofobia frequentemente está relacionada a transtornos preexistentes, como ansiedade e depressão. O médico Rodrigo Machado, do IPq, reforça que muitos idosos que abusam da tecnologia já apresentavam isolamento social antes da dependência.

Games casuais, como Candy Crush, são altamente viciantes devido à recompensa aleatória, similar a jogos de azar. O médico Aderbal de Castro Vieira Jr., da Unifesp, alerta que o problema está no uso que o idoso faz do aparelho, e não apenas no tempo de exposição.

Para mitigar os danos, especialistas recomendam que familiares incentivem atividades presenciais e estimulem interações sociais fora do ambiente digital. Cursos, encontros presenciais e hobbies podem ajudar a reduzir a dependência tecnológica e melhorar o bem-estar dos idosos.

Fonte: BBC News